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Mostrando postagens de novembro, 2021

RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: A IMPRESSIONANTE VIDA DA MULATA MARIA BARBOSA.

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De acordo com testemunhas que a denunciaram, Maria Barbosa saiu de Évora, bastião dos jesuítas e da inquisição, degredada para Angola pelo crime de feitiçaria. O processo inquisitorial movido contra Maria Barbosa, número 3382, que possui 389 fólios, mulher parda – por vezes descrita como mulata por seus delatores, vendedora de pão, natural de Évora, casada com o ourives João da Cruz, está disponível digitalmente ao público no site do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT): https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2303336 . Era filha de Belchior Francisco, almocreve, e Antônia Barbosa, ambos pardos alforriados. Seus pais tiveram três filhos, sendo que dois haviam morrido, ficando apenas Maria Barbosa. Em Angola teria convido com contrabandistas europeus, traficantes de escravos, tendo sido novamente acusada de feitiçaria e alcovitagem tendo sido açoitada, pois a prática da adivinhação feita por Maria Barbosa através do alguidar com água era vista como pacto demoníaco. Novamente foi ...

RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: REVOLTAS INDIGENAS DA CAPITANIA DE ILHEUS.

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A Revolta mais conhecida é a do Engenho de Santana, que colocou em risco os investimentos realizados por Mem de Sá e seus herdeiros – sua única filha, D. Filipa de Sá, e seu marido, Fernando de Noronha, o 3º Conde de Linhares e o último herdeiro em linha direta dessa família – e pelos demais sesmeiros e colonos na vila e seus arredores. A documentação sobre a revolta encontra-se na Torre do Tombo, Cartório dos Jesuítas, Maço 15, nº 4, 18/11/1603, apensada ao Laudo Pericial sobre as terras de Olivença pela pesquisadora Susana Viegas. A revolta como muitas desse período do inicio da colonização guarda relação com a escravização de índios. Segundo o padre Manuel da Nóbrega, dois índios haviam sido assassinados e outros reagiram matando dois ou três moradores e assaltando uma roça. A repressão teria sido brutal: destruição de aldeais, morte aos revoltosos, mesmo daqueles que se refugiaram no mar. Daí o nome de Batalha dos Nadadores. Hoje, o episódio foi apropriado pelos Tupinambás de O...

RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: ZOROBABÉ, O 1º ÍNDIO PRESO POLITICO A SER EXILADO.

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A colonização do Brasil pela experiência das capitanias hereditárias resultou em um grande fracasso para os portugueses e muito disso se deve às revoltas indígenas. Apenas duas capitanias prosperaram: Pernambuco e São Vicente. Os potiguaras que dominaram do litoral da Paraíba ao Ceará no inicio da colonização foram aliados dos franceses na exploração do pau brasil e posteriormente dos holandeses,   tendo sido um povo que depois de muitas guerras aceitou fazer a paz com os portugueses, em 11 de junho de 1599 em Olinda, em que Poti, líder potiguara, e o governador Feliciano Coelho de Carvalho firmaram o pacto com a presença do franciscano frei Bernardino das Neves. Um dos caciques potiguaras famoso foi Zorobabé, da Serra de Capaóba, posteriormente chamado a lutar contra os Aimorés, no sul da Bahia em 1602, juntamente com seu irmão o cacique Pau Seco, tendo levado consigo 800 guerreiros. Depois teria ajudado também na destruição do Quilombo do Itapecuru do complexo de Palmares. ...

RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: OS MASSACRES DE CUNHAÚ E URUAÇÚ/RN

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Durante a presença holandesa no território que hoje é o Rio Grande do Norte, os batavos tiveram como aliados os índios Tapúias, Potiguares e Janduís inimigos tradicionais dos Tupis. Natal durante o domínio holandês recebeu o nome de Nova Amsterdã. Jacob Rabbi, judeu, alemão, natural do condado de Waldeck, emigrou para a Holanda onde foi contratado pela Companhia das Índias Ocidentais Holandesas e posteriormente veio para o Brasil com Mauricio de Nassau em janeiro de 1637. Rabbi deixou um importante relato de sua viagem contendo informações sobre a geografia da capitania e descrições sobre os Janduís, chegando a casar-se com uma índia, chamada Domingas. Rabbi teria sido um dos poucos da Companhia das Índias que teria percorrido os sertões da capitania do Rio Grande e das capitanias vizinhas, participando da vida nômade dos inidios. Escrito em latim, tem o título De Tapuiyorum moribus et consuetudinibus ex relatione Jacobi Rabbi, qui per aliquot annos inter illos vixerat (“A moral e os c...

RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: GUERRA DOS “BARBAROS”.

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A conquista do interior da colônia se deu principalmente após a expulsão dos holandeses e o avanço da pecuária pelos sertões margeando os grandes rios brasileiros. Nesse processo ocorreu entre os anos de 1655 e 1720, a Guerra dos “Bárbaros” envolvendo os colonizadores e os povos nativos chamados de forma uníssona de “Tapuias” pelos Tupis, seus rivais do litoral, mas na verdade, tratam-se de uma miríade de povos diferentes e teve como palco uma área que correspondia em termos atuais a um território que inclui os sertões nordestinos, desde a Bahia até o Maranhão. A denominação Tapuia foi dada pelos cronistas da época, e perpetuada pela historiografia oficial, aos grupos indígenas com diversidade linguística e cultural que habitavam o interior, em distinção aos Tupi, que falavam a língua geral e se fixaram no litoral. Estudos atuais demonstram que esses povos pertenceram aos seguintes grupos culturais: os Jê, os Tarairiu, os Cariri e os grupos isolados e sem classificação. Entre eles pode...