RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: ZOROBABÉ, O 1º ÍNDIO PRESO POLITICO A SER EXILADO.


A colonização do Brasil pela experiência das capitanias hereditárias resultou em um grande fracasso para os portugueses e muito disso se deve às revoltas indígenas. Apenas duas capitanias prosperaram: Pernambuco e São Vicente.

Os potiguaras que dominaram do litoral da Paraíba ao Ceará no inicio da colonização foram aliados dos franceses na exploração do pau brasil e posteriormente dos holandeses,  tendo sido um povo que depois de muitas guerras aceitou fazer a paz com os portugueses, em 11 de junho de 1599 em Olinda, em que Poti, líder potiguara, e o governador Feliciano Coelho de Carvalho firmaram o pacto com a presença do franciscano frei Bernardino das Neves.

Um dos caciques potiguaras famoso foi Zorobabé, da Serra de Capaóba, posteriormente chamado a lutar contra os Aimorés, no sul da Bahia em 1602, juntamente com seu irmão o cacique Pau Seco, tendo levado consigo 800 guerreiros. Depois teria ajudado também na destruição do Quilombo do Itapecuru do complexo de Palmares.

Os potiguaras somente concordaram em descer a Serra de Capaóba, onde esta hoje a Serra da Raiz, em local que nenhum branco ousava chegar, após ser dada a garantia de que, acabada a luta, voltariam ao seio de suas famílias. Assim, estabelecido o pacto, tomaram as armas, tendo por capitão o oficial Francisco da Costa e por guia espiritual o jesuíta Diogo Nunes.

Na Bahia os potiguares chegaram a se revoltar, pois havia o risco de serem escravizados pelos colonos e foi a intervenção dos jesuítas e do governados da Bahia, Diogo Botelho, que assegurou o retorno à Paraíba. Zorobabé retornou com muitos cavalos como prêmios. Nessa tarefa os potiguaras percorreram à pé mais de 1300 km.

Zorobabé retornou a aldeia de Inhobim, a duas léguas de João Pessoa. O Rei de Portugal lhe deu uma tença de 400 reais de soldo, sem que ele pedisse, em recompensa dos seus serviços.

De volta à Paraíba, a admiração da população diante do morubixaba potiguar confundia-se com o temor que ele inspirava nas autoridades. E para evitar o risco de revolta, prenderam-no e o mandaram para Pernambuco, e em seguida para Bahia, onde depois de tentativas fracassadas de envenená-lo, ficaram diante de difícil decisão: o ato de condená-lo à morte poderia acionar a lógica da vingança tão comum entre os tupis, provocando o início de novos confrontos com os potiguares

Os franceses que se fixaram no Maranhão expandiam alianças com tupis daquela região e os portugueses decidiram enviar Zorobabe para Lisboa, em 1608. De Lisboa, de onde as autoridades achavam que ele ainda podia fugir de navio, mandaram-no para Évora, onde morreu na prisão. Zorobabé foi o primeiro índio brasileiro preso politico a ser exilado. Não consta haver na Paraíba sequer uma rua em homenagem a esse índio.

Imagem: - Albert Eckhout, Homem Tapuia, 1641; óleo sobre tela, 161 x 272 cm; Nationalmuseet, Copenhague, Dinamarca.




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