RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: PANFLETOS INCENDIÁRIOS DA INDEPENDÊNCIA
A efervescência política desencadeada no Brasil pelos reflexos da Revolução Liberal do Porto de 1820 criou movimentação propícia ao fim da censura prévia, decretada em 28 de agosto de 1821 por D. Pedro. A partir disso, a circulação de panfletos e jornais de caráter político se intensificou pelas ruas da Corte, no Rio de Janeiro, e das demais províncias do território brasileiro.
Influenciando o pensamento político e ideológico de muitos à época, essas publicações efêmeras se caracterizavam também pela linguagem adjetiva e mais violenta que utilizavam. Sem haver qualquer diferenciação entre o que era notícia e o que era opinião, os panfletos faziam circular as novas ideias e acaloravam as discussões acerca da independência política, suscitando nas províncias convergências e também muitas divergências com relação às diretrizes vindas da Corte.
Os “panfletos incendiários” dos anos 1820 eram distribuídos, presos a postes e lidos em voz alta nas esquinas e praças. Levavam assim as ideias políticas para a boca do povo, ampliando o alcance e aumentando a temperatura dos debates e discussões políticas da época. Apresentavam estilos variados, entre eles, os que procuravam explicar o vocabulário liberal, com perguntas e respostas, em forma de diálogo, cartas escritas a amigos, dicionários, paródias de orações religiosas, entre outros.
A diversidade de panfletos políticos que circulavam no período em torno da independência refletia os interesses de cada região, destacando, sobretudo, as muitas peculiares do amplo território brasileiro.
A Fundação Biblioteca Nacional convida você para um episódio da série "200 da Independência" com os professores José Murilo de Carvalho (ABL), Lúcia Bastos (UERJ) e Marcello Basile (UFRRJ) no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=yP0YqETBxDU
O Senado Federal acaba de reunir num livro os originais de 20 panfletos históricos que foram escritos, publicados e distribuídos há 200 anos, em meio ao processo da Independência do Brasil, que revelam, ao contrário do que se costuma acreditar: o movimento político contra Portugal liderado pelo príncipe D. Pedro (que só se tornaria D. Pedro I após a Independência) nada teve de simples, consensual, pacífico ou previsível.
Naquele momento, diferentes projetos de Brasil estavam postos sobre a mesa. A transformação da América portuguesa num país independente, governado por uma cabeça coroada e com governo centralizado no Rio de Janeiro foi apenas um dos projetos concorrentes — o que conseguiu vingar.
Esses 20 panfletos históricos compõem o livro Vozes do Brasil – A linguagem política na Independência, organizado por uma equipe de historiadoras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e publicado pelas Edições do Senado Federal.
A publicação de Vozes do Brasil foi a primeira de uma série de atividades organizadas pelo Senado para a celebração dos 200 anos da Independência. A programação comemorativa continuará até o dia 7 de setembro de 2022.
O Livro Vozes do Brasil pode ser baixado gratuitamente na Biblioteca do Senado: https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/592222
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