RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: INGLESES NO BRASIL COLONIA
No Brasil colônia houve tentativas de colonizações francesas no Nordeste
e no Rio de Janeiro, bem como os holandeses se estabeleceram no Nordeste
durante 24 anos. Também os espanhóis no inicio da colonização do novo mundo passaram
por nossa costa. E os ingleses?
O iniciador das viagens inglesas as costas brasileiras foi William
Hawkins, comerciante inglês da cidade de Plymouth. Entre 1530 a 1532 realizou
três viagens a costa brasileira no navio Paul of Plymouth. As viagens foram tão
proveitosas que ocorreram outras expedições entre 1536 e 1540. Em 1540 o navio retornou
a Inglaterra com um carregamento de presas de elefantes e pau brasil avaliados
em £ 600.
Há notícias de outras viagens no livro Principal Navigations de Richard
Haklyut. Com a guerra entre França e Inglaterra de 1544 a 1546 as visitas
decaíram, pois os portugueses já estavam mais estabelecidos na costa
brasileira.
As viagens somente foram retomadas com a expansão marítima inglesa nos
tempos de Elizabeth 1ª. Os comerciantes ingleses focavam suas atividades de
comércio em Santos, local de onde receberam indicações de John Withall, mecânico
e ferreiro, inglês residente em Santos, genro de José Adorno, o homem mais abastado do lugar, senhor do antigo
Engenho São João.
Os ingleses, sedentos pelas riquezas espanholas do novo mundo e inconformados
com a questão do Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo entre portugueses
e espanhóis, focaram em pirataria aos galeões espanhóis no Caribe. Entretanto,
o mar do sul atraia os aventureiros que chegavam ao Pacifico pelo Estreito de
Magalhaes.
Três corsários ingleses que se dirigiram ao sul e voltaram sua atenção
ao Brasil: Fenton, em 1583, Withrington e Lister, em 1586 e Thomas Cavendish,
na sua segunda viagem em 1591.
Fenton passou por Santos, mas não teve muito sucesso na sua expedição,
pois a esquadra espanhola de Diogo Flores Valdez lhe deu combate e o inglês teve
de deixar o porto com algumas perdas.
Robert Withrington e Chirstopher Lister em abril de 1587 tentaram tomar
a cidade de Salvador sem sucesso, porem assediaram o Recôncavo Baiano por dois meses
e retiraram-se para a Inglaterra em junho sem grandes ganhos.
Tomas Cavendish chegou em Santos, em 25 dezembro de 1591, e surpreendeu
os habitantes da vila na igreja, não encontrando resistência. Permaneceram os
ingleses dois meses banqueteando-se e descansando. Tomaram o caminho do sul
levando o que de valor puderam.
Ainda houve mais um ataque pirata ao Brasil, na época da chamada União Ibérica,
em que a Espanha esteve em guerra com a Inglaterra, através da expedição de
James Lancaster, que em fins de março de 1595 atacou Recife e tomou o porto,
tendo havido baixa resistência e a população fugido, deixando tudo nas mãos dos
invasores, inclusive um carregamento vindo da Índia. Lancaster não deu conta de
levar tudo e ainda fretou três embarcações holandesas que estavam no porto para ajudar no carregamento das mercadorias.
A partir de Olinda os portugueses tentaram atacar os ingleses, porem sem
sucesso. Retornou a Inglaterra com 15 navios carregados navios abarrotados de açúcar,
pau-brasil, algodão e mercadorias de alto preço saqueadas de um navio
português, como pimenta, cravo, canela, maçã, noz-moscada, tecidos e minerais
preciosos.
O lucro dos investidores, entre eles Thomas Cordell, então prefeito de
Londres, e o vereador da cidade de Londres John Watts, foi assombroso, estimado
em mais de 51 mil libras esterlinas. Do total, 6.100 libras ficaram com
Lancaster e 3.050 foram para a Rainha. Com tal desfecho, a expedição foi
considerada um absoluto sucesso militar e financeiro.
Depois desta expedição não houve mais ataque de piratas ingleses as
costas brasileiras, pois no geral as colônias portuguesas se caracterizaram
como ponto de apoio para os ingleses, nos séculos XVI e XVII devidos as boas
relações de Portugal e Inglaterra.
Imagem de James Lancaster de domínio publico.
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