RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: CONFEDERAÇÃO DOS TAMOIOS

A Confederação dos Tamoios (nome que significa: dono da terra) foi a primeira experiência de uma junção indígena mais ampla contra a dominação portuguesa ao Brasil e reuniu, além dos índios tupinambás, aimorés e outros da área litorânea que vai de Bertioga (SP) até Cabo Frio (RJ).

Aimberê foi o grande articulador político, visitando os chefes de tribos, convocando-os para uma reunião na ocara da Gávea (RJ), em 1563. Entre os líderes presentes figuravam vários tupinambás como Pindobuçu, Coaquira — da região de Ubatuba —, Jagoanharó, Cunhambebe, Araraí e Parabuçu. Aimberê propôs que a chefia fosse entregue a Cunhambebe, que vivia com sua tribo na região de Angra dos Reis e era o mais experiente e feroz inimigo dos portugueses. Cunhambebe morreu numa epidemia e Aimberê foi aclamado líder, tendo buscado uma aliança pontual com os franceses estabelecidos na França Antártica, inimigos dos portugueses.

Numa das primeiras batalhas morreu Fernão de Sá, filho do governador-geral, Mem de Sá.

Posteriormente houve um acordo na vila de São Vicente SP com a presença de Manoel da Nobrega e José de Anchieta, desrespeitado posteriormente pelos portugueses, que após um ano passaram novamente a escravizar os índios extinguindo a possibilidade de coexistência pacífica na colônia.
Nesse mesmo período chega Estácio de Sá de Lisboa com uma frota de galeões bem armados, disposto a ocupar o Rio de Janeiro e expulsar os franceses calvinistas, que haviam se estabelecido na pequena colônia da França Antartica.

A batalha foi cruel e a aldeia de Uruçumirim, que ia da Carioca até o Paranapuan (atual Ilha do Governador), resistiu por 48 horas, com a chegada das tropas de Mem de Sá (governador geral do Brasil) para ajudar o sobrinho Estácio de Sá, os portugueses reuniram força suficiente para dizimar o grupo de franceses e os índios tamoios.indios tamoios.

Araribóia aliado dos portugueses, que chefiou os índios temiminós, vindos do Espírito Santo, recebeu a sesmaria de Niterói pelos serviços prestados a Portugal e foi batizado pelos jesuítas com o nome de Martim Afonso de Sousa, nome do português que desembarcou no Brasil em 1530. Araribóia ajudou a sedimentar o domínio português com a criação da cidade do Rio de Janeiro em um tempo de turbulência.

Atualmente, na estação das barcas, em Niterói encontra-se uma grande estátua de Araribóia, chefe dos temiminós e grande colaborador dos invasores portugueses. Os derrotados são lembrados na rodovia dos Tamoios, que corta o litoral norte paulista, região que era habitada pelos tamoios e também, em algumas ruas da região de Perdizes, bairro da grande São Paulo, com nomes de Iperoig e Aimberê e em uma das ruas do Iguatemi (extremo da Zona Leste de São Paulo), que empresta o nome desta revolta indígena.

Por fim, cabe destacar que:
a) o aniversário da cidade do Rio de Janeiro era comemorado na data do massacre indígena até 1956 (20 de janeiro) e depois a data foi mudada para 1º março – data em que Estácio de Sá chegou a Baia de Guanabara;
b) o padre José de Anchieta depois dessa carnificina contra os originários da terra homenageou Mem de Sá num poema como o titulo: JESUS - A MEM DE SÁ GOVERNADOR - Epístola Dedicatória: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000146.pdf

Imagem: O Último Tamoio é um óleo sobre tela pintado por Rodolfo Amoedo, no ano de 1883. Na imagem retratada, Aimberê, índio chefe dos Tamoios, está morto numa praia. Ao seu lado, segurando seu braço esquerdo e levantando piedosamente sua cabeça, está o Padre José de Anchieta. Atualmente, o quadro pertence ao Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.



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