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Mostrando postagens de outubro, 2021

RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: OS TUMBEIROS

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Os navios negreiros que faziam a travessia do atlântico trazendo a força a gente africana para as Américas eram chamados de tumbeiros, ou seja, tumbas flutuantes. Estima-se que em 350 anos de tráfico negreiro cerca de 1,8 milhões de cadáveres foram jogados ao mar, pois dos 12,5 milhões despachados da África somente 10,7 chegaram aos portos do continente americano. Em seu Volume I de Escravidão, Laurentino Gomes descreve que tubarões seguiam as rotas dos navios negreiros para se alimentar dos mortos durante a travessia. (ver banco de dados < https://www.slavevoyages.org/ > The Transatlantic Slave Trade Database) Segue a seguinte transcrição referido livro: “Os tubarões começavam a seguir os navios negreiros assim que as embarcações alcançavam a costa da Guiné”, escreveu o historiador Markus Rediker. Eram observados pelos marinheiros da Senegâmbia ao Congo e Angola, passando pela Costa do Ouro e dos Escravos (atuais Gana, Togo, Republica do Benim e Nigéria), sempre que os navios e...

RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: QUILOMBO DOS PALMARES

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  A história do Brasil conhece poucos os quilombos dos muitos que existiram. Palmares é o mais famoso exemplo pela durabilidade (100 anos) e pela guerra para a sua destruição, pois era um entrave ao projeto colonial português. Pouco se sabe sobre a organização politica, religiosa e social dos quilombos, uma vez que tais aspectos são retratados por fontes, que narraram fatos geralmente sem tê-los presenciados após a destruição de tais comunidades. Com certeza, os negros que fugiam das senzalas para os quilombos buscavam uma situação de vida melhor fugindo da escravidão e violência colonial portuguesa. Não é a toa que Padre Antonio Vieira, à época, alertava para o risco do Brasil virar uma grande Palmares. Africanos de diferentes grupos étnicos mesclavam-se nos quilombos, como forma de resistir a uma determinação política anterior de separá-los de tudo o que significasse expressão de identidade de um povo: línguas, famílias, costumes, religiões, tradições. Tudo isso é retomado em...

RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: CONFEDERAÇÃO DOS TAMOIOS

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A Confederação dos Tamoios (nome que significa: dono da terra) foi a primeira experiência de uma junção indígena mais ampla contra a dominação portuguesa ao Brasil e reuniu, além dos índios tupinambás, aimorés e outros da área litorânea que vai de Bertioga (SP) até Cabo Frio (RJ). Aimberê foi o grande articulador político, visitando os chefes de tribos, convocando-os para uma reunião na ocara da Gávea (RJ), em 1563. Entre os líderes presentes figuravam vários tupinambás como Pindobuçu, Coaquira — da região de Ubatuba —, Jagoanharó, Cunhambebe, Araraí e Parabuçu. Aimberê propôs que a chefia fosse entregue a Cunhambebe, que vivia com sua tribo na região de Angra dos Reis e era o mais experiente e feroz inimigo dos portugueses. Cunhambebe morreu numa epidemia e Aimberê foi aclamado líder, tendo buscado uma aliança pontual com os franceses estabelecidos na França Antártica, inimigos dos portugueses. Numa das primeiras batalhas morreu Fernão de Sá, filho do governador-geral, Mem de Sá. Pos...

RECORTES DA NOSSA HISTÓRIA: A SANTIDADE DO JAGUARIPE

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Antes da chegada dos portugueses o mito indígena tupi de uma TERRA SEM MALES estimulava a imigração dos índios para o litoral. Com a chegada dos europeus esse fluxo se inverte e o sertão virou rota de fuga. Com a catequização de índios pelos jesuítas o mito da TERRA SEM MALES se metamorfoseou. Nessa época (anos 1580 e seguintes) um índio nascido em missão inaciana, batizado cristão com o nome de Antônio, instruído na doutrina de Cristo, era por vocação um tremendo pajé. O Padre Manoel da Nobrega foi o primeiro a noticiar a existência de feiticeiros entre os índios que “fingiam” santidade. A região do recôncavo baiano era terra comum no aparecimento dessas santidades e o índio batizado Antonio se tornou uma delas que ficou conhecida como a Santidade do Jaguaripe. Tais fatos somente chegaram ao nosso conhecimento devido à visita da inquisição à Bahia no ano de 1891 e se encontram registrados no processo contra o fazendeiro Fernão Cabral de Ataíde, natural de Silves, cidade de Algarve, q...